O pinout gráfico é uma ferramenta exclusiva que a Ciclo lançou na plataforma Diagweb.
Trata-se de uma ferramenta poderosa que abre novas perspectivas de busca por falhas elétricas.
Por Fábio Ribeiro von Glehn
Contexto histórico
No final de 2014 a Ciclo tinha contratado uma consultoria que nos fez a seguinte pergunta: Qual é a principal dificuldade enfrentada pelo profissional da reparação automotiva?
Ao compilar as diversas respostas obtidas, chegou-se à conclusão que o mercado sentia falta de informação técnica de qualidade. Não foi difícil entender o caos vivido por esses profissionais e o grande problema no qual a Ciclo encontra-se inserida.
A FIPE – Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (fipe.org.br) elabora e divulga uma tabela com preços médios de veículos no mercado brasileiro. Entre 2010 e 2014 (5 anos) a tabela FIPE relatava a comercialização de pelo menos 2332 versões diferentes de veículos somente na linha leve.
Figura 1: Evolução do número de versões de veículos leves comercializados no Brasil
Só para exemplificar: o modelo Fiesta tinha em 2014 onze (11) versões diferentes.
A diferenciação por versões se faz necessário à medida em que existem cada vez mais sistemas eletrônicos embarcados que compartilham dados e os diversos computadores do veículo integram uma rede de informações que se configura diferente em cada versão diferente. Em outras palavras a rede de dados de um veículo 1.8 4×2 transmissão mecânica é diferente do mesmo veículo com motor 2.0 4×4 transmissão automática de 9 marchas.
Se tivermos como base os 2332 veículos fabricados entre 2010 e 2014 e vendidos em 2014 e levarmos em conta que esses veículos possuíam injeção eletrônica, abs, air bag, painel de instrumentos e controle de carroceria, vamos obter um resultado assustador de cerca de 12000 sistemas embarcados circulantes.
Precisamos de uma ferramenta para aumentar a produtividade na elaboração de diagramas elétricos
Você pode imaginar: minha oficina não atende todas as marcas e nem faz todos os sistemas. É verdade! Porém mesmo que uma oficina mecânica se disponha a atender apenas 25% desses sistemas, o número resultante ainda é muito grande.
As empresas que se propõe a elaborar conteúdo técnico não conseguem atender essa demanda enorme com um método artesanal de produção. No caso específico da Ciclo cada diagrama elétrico era desenhado individualmente e exigia muito tempo do técnico na elaboração de um lay-out que atendesse aos nossos padrões.
Surgiu então a ideia de criar um software que fosse capaz de ler uma planilha e transformar isso em desenho. Precisaríamos criar uma ferramenta que nos desse a produtividade exigida pelo mercado sem abandonar as características do nosso diagrama elétrico.
Na linha do tempo da Ciclo, no início de 2015 nos dedicamos a desenvolver esse software que iria nos permitir entrar com letras e números e sair com desenhos dentro de nossas regras.
Surge o pinout gráfico
Logo no início dos trabalhos de desenvolvimento os técnicos da Ciclo depararam com a seguinte questão: Como vamos saber se os dados que estamos inserindo estão corretos? Precisamos ter uma informação que nos diga isso antes que o banco de dados esteja gigantesco e cheio de erros para corrigir.
A solução encontrada foi criar uma etapa anterior a elaboração do diagrama elétrico que consiste em mostrar as ligações elétricas de um conector específico. Se o projeto não conseguisse desenhar era sinal de erro na base e se desenhasse seria relativamente fácil fazer a conferência.
O diagrama elétrico mostra um sistema e seus componentes. O pinout gráfico mostra as ligações até um conector escolhido detalhando cada intermediação
Quando finalizamos vimos que o pinout gráfico poderia ir além de uma ferramenta interna do controle de qualidade e poderia ser liberada a nossos clientes como uma ferramenta a mais no diagnóstico de falhas.
Enquanto um diagrama elétrico mostra um sistema (injeção eletrônica, ABS, transmissão, etc…), o pinout gráfico pode mostrar todos os circuitos elétricos de cada conector do chicote do veículo. E mais ainda, pode mostrar todas as conexões intermediárias e as junções, informações essas que se inseridas no diagrama elétrico iriam obrigar a Ciclo a abandonar a principal característica dos nossos diagramas: não trançar linha no desenho. Dessa forma passamos a ofertar o diagrama elétrico como uma visão do sistema e o pinout gráfico como uma visão do conector.
Diagrama elétrico e Pinout gráfico são “mapas” elétricos sob perspectiva diferente
Veja as figuras 2 e 3 a seguir para facilitar o entendimento das diferenças entre cada modelo de “mapa”.
Figura 2: Diagrama elétrico de um Módulo X fictício
Figura 3: Pinout gráfico do Módulo X fictício
Entenda a diferença de interpretação e alcance de cada um deles:
Diagrama elétrico do módulo X (Figura 2) | Pinout gráfico do módulo X (Figura 3) | |
Lay-out | O módulo X ocupa a área central e os componentes são organizados dentro de critérios técnicos | O conector do módulo X ocupa o lado esquerdo e os terminais são apresentados em ordem crescente |
Circuito | O importante é mostrar as duas extremidades de um circuito para não perder a visão global do sistema | O importante é mostrar cada circuito em todas as suas derivações. Conexões intermediárias e junções são apresentadas |
Vantagem | Visão global do sistema que permite um raciocínio lógico na elaboração da estratégia de busca pela falha. O técnico na posse do diagrama elétrico e com o conhecimento do sintoma da falha e da resposta do scanner consegue analisar o caso e estabelecer uma proposta de busca da causa. | Visão detalhada do circuito que permite uma busca apurada em tempo reduzido de falhas que envolvam circuitos abertos e curto-circuitos |
Exemplos de Aplicação:
Diagrama elétrico do módulo X (Figura 2) | Pinout gráfico do módulo X (Figura 3) | |
Caso 1 | O módulo X não funciona. Com o uso do diagrama, após testes, é possível identificar que falta alimentação elétrica no pino 2 do módulo X e a causa é a queima frequente do fusível 10. | O pinout gráfico mostra que o fusível 10 não somente alimenta o módulo X, mas também o painel de instrumentos. Em uma análise mais apurada identifica-se que a causa da queima do fusível está no conector intermediário CC cujo pino 01 eventualmente entra em curto-circuito. |
Caso 2 | O scanner não se comunica com o módulo X. Pelo diagrama é possível analisar que o módulo X está corretamente alimentado, porém nos terminais da tomada de diagnose não existe sinal | Pelo pinout gráfico é possível identificar que entre o módulo X e a tomada de diagnose existe o conector intermediário CIA e o Computador de Bordo. O primeiro passo é avaliar esses pontos de “stress” e por sorte tratava-se apenas de um mal encaixe do conector “E” do Computador de Bordo. |
Perspectiva de evolução
Desde o início dos trabalhos em 2015 a plataforma Diagweb já desenvolveu muito. Explicaremos em outras matérias a respeito de algumas funcionalidades do Diagweb.
O projeto prevê para breve a interação dinâmica entre diagrama elétrico e pinout gráfico e agregar mais informações relevantes para o reparador automotivo. O fundamental nesse momento são os clientes da Ciclo entenderem que nossa velocidade de produção de conteúdo mais que triplicou e estamos pensando em como elevar ainda mais essa capacidade.
- Lea também esta matéria: Uma nova visão das conexões elétricas.
- Assista mais um vídeo sobre o assunto:
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